A educação parental segundo a parentalidade consciente, é a criação de uma espécie de mochila cheia de ferramentas úteis para enfrentar os desafios do dia a dia. Quando perdes a paciência que ferramenta usas? Quando tentas resolver um conflito, o que vais buscar? Autoridade, ou escuta activa e pensamento criativo? Ter uma mochila cheia de ferramentas parentais é essencial para transformar momentos de obstáculos, em fortes aprendizagens para todos os envolvidos.
A educação parental consiste, numa primeira fase, na tomada de consciência de que apesar de passar tempo com os meus filhos, posso não estar a passar tempo de qualidade, ou de conexão com eles. Na educação tradicional, apesar de por vezes não termos essa consciência, o nosso foco está em controlar a criança, educar uma criança para o sucesso e corrigir o que não encaixa nas expectativas que temos para ela. Corrigir separa, compreender conecta.
E, como diz a Dra. Shefali Tsabary, a “conexão antes de correção” deve ser o nosso foco como pais.
As áreas de intervenção da educação parental devem focar-se em dar aos nossos filhos, através do nosso exemplo e modelo, as diferentes capacidades e ferramentas que eles precisam para navegar na vida. Tudo o que quero inspirar o meu filho a desenvolver, deve primeiro existir em mim. Para ensinar responsabilidade, tenho de questionar se a pratico na minha vida ou se tomo para mim as responsabilidades dos outros.
A primeira área de intervenção parental, somos nós. Devemos gentilmente questionar as nossas crenças em relação à educação, as nossas expectativas em relação aos nossos filhos, os nossos triggers implantados na infância que originam reações mais fortes em determinadas situações. Acima de tudo, passa por encontrarmos a nossa voz única como pais, e descobrirmos a melodia única que são os nossos filhos.
Como educar um filho deve ser a pergunta mais comum que fazemos interiormente, enquanto focamos toda a nossa atenção no comportamento. Esse é o mais comum dos modelos parentais. Dividimos o comportamento das crianças em “bom” e “mau”, e exercemos poder unilateral através da disciplina. A vergonha, sem querer, é utilizada como motivador para a criança alterar o seu comportamento. Noutros casos, usamos outras estratégias como os rótulos, a chantagem, os elogios, os castigos ou os prémios.
O comportamento é sempre uma forma de comunicação de necessidades não preenchidas. Alterá-lo sem o compreender, apenas cria maior desconexão entre pais e filhos. E maior desconexão da criança consigo própria. Então que outra forma existe para educar um filho? A tomada de consciência do que se passa dentro de nós como pais, e uma imensa curiosidade em conhecer os nossos filhos. Esses são os pontos de partida para uma mudança profunda na qualidade da relação entre pais e filhos.