Se há situação em que notamos logo como é a nossa voz interior, é quando “queremos” ir ao ginásio, mas na verdade não queremos. No meio dos “vou mais ao fim do dia”, “este ano é que vai ser”, “amanhã é que há uma aula boa” e o “hoje está demasiado frio”, o nosso mindset está em “tenho de ir ao ginásio”.
Quando não vou, sinto-me mal comigo própria, o que resulta em ainda menos idas ao ginásio.
O “tenho de ir” tem a carga da obrigação e da falta de opção, o que despoleta uma falta de envolvimento da nossa parte. Parece que alguma força exterior me está a obrigar a fazer algo que não quero, o que também nos leva inconscientemente à procura do culpado. A nossa atribuição de culpa soa mais ou menos a isto:
Isto faz com que ao executar qualquer uma destas tarefas, seja bastante difícil encontrar a mínima alegria no processo. Sentimo-nos à mercê de tudo o que temos para fazer, sem a mínima escolha.
Quando trocamos o “eu tenho de ir” por “eu escolho ir”, esse poder e responsabilidade são-nos devolvidos. O nosso envolvimento cresce, e a nossa vontade também. Mesmo que ao princípio pareça um pouco estranho, quanto mais treinares mais habitual e natural fica o processo. É um clássico e poderoso “Fake it until you make it”.
AH! Mas eu não escolho ir às compras. Se eu não for o que é que se come cá em casa?
Todas as escolhas têm consequências. Se eu não comprar a comida, de facto ela não aparece. Quer dizer pode sempre aparecer uma pizza com a morada errada… mas há várias formas de comprar. Posso comprar online ou comprar no dia seguinte, e fazer o jantar com o que há em casa.
Posso fazer jejum intermitente, ou acabar com todos os restos perdidos no frigorífico.
Na verdade, tenho escolha entre várias hipóteses quando escolho ir às compras, apenas no momento não estou a tomar consciência das outras opções.
Esta mudança na forma de verbalizar e ver as situações, deve ser passada aos nossos filhos desde cedo. Uma abertura de enquadramento e tomada de consciência das opções escondidas, que é a forma de os ensinar a terem um papel activo nas suas vidas. A envolverem-se, a importarem-se, a tomarem responsabilidade, a encontrarem novas soluções, a desenvolverem o seu potencial.
Ensina-os a terem uma voz interior que os apoia, e uma autoestima saudável cheia de jogo de cintura.
Ao encontrarmos o poder da escolha em nós, a nossa motivação dispara. Imediatamente. Por exemplo, eu hoje já com o saco da ginástica à porta disse para mim “Eu escolho ir ao ginásio”. Aí percebi que também me apeteciam igualmente outras opções: fazer yoga na sala, fazer uma caminhada para apanhar este sol de Inverno catita, ou fazer nada no sofá. Mas quando acrescentei:
Eu escolho ir ao ginásio… para tomar banho SOZINHA sem ouvir ó mãeeeeeeee!
peguei no saco, imediatamente, e saí a correr de casa altamente motivada.
Artigo escrito originalmente pela Mãe Catita para a Uptokids