Na semana passada, uma amiga ligou-me para falar de alguma coisa muito importante que estava a acontecer na vida dela. Inesperadamente, o meu telemóvel fez uma coisa fantástica: não me deixou falar. Do outro lado, ela não ouvia absolutamente NADA do que eu estava a dizer.
Estava tão entregue à conversa que não notava o silêncio que vinha do lado de cá. Eu, impedida tecnologicamente de fazer “bitaiting”, atirar opiniões, resolver o seu problema ou de começar vitoriosamente com um “se fosse eu”, calei-me e ouvi.
Ouvi muito. Ouvi as questões que ela levantava, ouvi como sozinha, aos poucos, ia arrumando a cabeça e o coração e, ouvi enquanto encontrava as suas próprias soluções e aprendizagens.
No final, ainda sem ideia nenhuma de que eu não tinha dito uma única palavra disse:
Obrigada, estava mesmo a precisar de falar contigo. Foste espetacular!
Eu? Como? Apenas estando presente. Ouvindo ativamente, não para resolver um problema mas para servir de suporte ao processo do outro.
Muitas vezes ouvimos, mas temos uma agenda escondida. Ouvimos para responder e não apenas para ouvir. Um ouvir Ping Pong que jogamos com os nossos parceiros, com os nossos colegas de trabalho e com os nossos filhos.
O meu filho está a falar e eu a pensar no que vou dizer para ele ir lavar os dentes. Acabo de dizer uma frase e preparo a jogada seguinte. Penso na próxima resposta. Na bola que vou retribuir.
Ouvir é um processo bastante ativo e poderoso. Uma ferramenta essencial para qualquer relação e crucial na parentalidade.
Para ouvir ativamente o teu filho é essencial:
Agora ouve. Ouve uma e outra vez. Ouve até estares lá para ele, como ele precisa. Só treinando deixamos o hábito de falar em modo Ping Pong, de jogar o tempo todo, para passar a ouvir verdadeiramente o que têm para nos dizer.
Ser ouvido é fundamental para ganhar autoestima, algo essencial no Ping Pong da vida.
Artigo escrito originalmente pela Mãe Catita para a Uptokids