Miúdos perfeitamente imperfeitos

23 Nov 2018 .

Intenções

Miúdos perfeitamente imperfeitos

Sabem quando temos uma pequenina, minúscula, micro borbulha na cara e sempre que nos olhamos ao espelho SÓ vemos aquela ENORME inegavelmente florescente borbulha? 

Ou naquele dia que fazemos um jantar espetacular, delicioso, quase épico que deixaria o Gordon Ramsay feliz e aquele convidado apenas diz “Hum, encontrei uma espinha!”?? Ou quando o nosso filho tem um teste daqueles bem difíceis para o qual estudou imenso e ouve:

Podias ter tido uma nota melhor!

Até podia… mas acabou de ficar sem vontade nenhuma de estudar nos próximos 20 anos.

 

Queremos o melhor para os nossos filhos

Queremos que eles conquistem o mundo e sejam felizes. Mas às vezes, sem querer, colocamos o mundo nas suas costas quando pretendíamos exactamente o oposto. Este foco no valor deixa-os atados num “Fixed Mindset”, onde têm tendência para se sentirem alienados e ansiosos. Ficam presos nos resultados, no desfecho. No porquê?

Acham que a sua inteligência está determinada à nascença e que encontrar obstáculos apenas significa que não são assim tão inteligentes. Acham que não podem evoluir e que, mais cedo ou mais tarde, toda a gente vai perceber isso. As dificuldades não são encaradas como oportunidades de crescimento e o sucesso dos outros deixa uma nuvem escura na sua confiança. Receosos dos erros que vão cometer mesmo antes de eles aparecerem, fogem de situações difíceis a sete pés.

E, como a energia vai para onde vai a nossa atenção, a probabilidade de os erros acontecerem é maior.

Então mas eu li um post anterior que dizia que podemos aprender com os erros!

Podemos, mas quando os encaramos como positivos e focos de aprendizagem e não como buracos fundos onde nos queremos enfiar porque desiludimos o mundo e os nossos pais.

 

Como posso ajudar o meu filho?

A ir mais longe e a desenvolver vontade de aprender?

Primeiro, é preciso confiar. Confiar nas capacidades da criança, confiar na evolução natural do aperfeiçoamento das ferramentas que ele tem à sua disposição. Confiar no amor que temos por eles e eles por nós. Dar-lhes responsabilidade e tempo. Principalmente valorizar o seu processo e reconhecer o seu esforço.

No caso do teste, podemos referir o esforço e dedicação com que estudou, como aprendeu imensas coisas novas que não sabia. Como evoluiu em relação ao teste anterior e perguntar se poderia ter feito alguma coisa diferente na forma como estudou. Mostrar disponibilidade se ele precisar de ajuda e, deixá-lo definir a forma como acha mais adequado preparar o seu plano de estudo para o próximo teste (responsabilidade).

 

Focar a atenção no como?

Quando valorizamos o esforço em vez do resultado, as crianças ficam motivadas e desenvolvem um Growth Mindset, um termo definido por Carol Dweck. Uma vontade de ir mais longe, de aprender com as experiências, de descobrir caminhos novos, de sair da sua zona de conforto e desafiar os seus limites. Vontade de crescerem felizes para dentro e para o mundo. Vontade de explorar caminhos inovadores e de fazer descobertas únicas. Ganham a capacidade de perceber que apenas não conseguem “ainda” e que tudo está à distância de foco, treino e dedicação.

Ganham uma força única para se levantarem quando ouvem um grande “não”.

Aceitar a nossa imperfeição é o ponto de partida mágico para crescer sem parar, para ter mais felicidade na nossa vida e contagiar os outros com a nossa alegria de viver. É o momento em que aprendemos a ser como o bambu que dobra com o vento e não parte. Que é resiliente e apesar de parecer frágil, é imensamente poderoso e adaptável.

Somos os heróis da nossa própria história e podemos ir muito além dos nossos limites e medos. Fazemos o nosso caminho a cada dia, a cada passo, a cada decisão.

Se conseguirmos ensinar aos nossos filhos a dançarem na jangada que abana, a valorizarem cada passo que dão, cada descoberta que fazem, cada cm que crescem, vamos dar-lhes a oportunidade única de serem felizes pelo que são e de acederem ao poder ilimitado de um crescimento imperfeitamente feliz.

 

Artigo escrito originalmente pela Mãe Catita para a Uptokids